Powered By Blogger

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

FELIZ ANIVERSÁRIO, SÃO PAULO!

Sampa do maravilhoso e do horrível, do belo e do feio, do quente e do gelado, da riqueza e da pobreza, do acesso e da distância, da igualdade e da diferença.

Sampa diversidade: parabéns.
Minha cidade querida, a qual cuido, brigo, amo.
Hoje, um dia após seu 456º aniversário, completa-se 35 dias de chuvas diárias na capital.
Não vou falar dos estragos, prejuízos, dos desabrigados ou dos mortos em todo estado; isso está exposto mídia afora, para o triste conhecimento de todos.
O que me indigna é pensar que essa situação poderia ser evitada, ou pelo menos atenuada (se governo e população estivessem interessados de verdade).

Cidade de São Paulo - SP.
Fonte: Divulgação Web.


Desejo pra você, minha cidade querida, que continue sendo sinônimo de trabalho, cultura, oportunidade, alegria, riqueza, informação, variedade, respeito. Mas principalmente, que mude o que deve ser mudado: que erradique a pobreza, a violência. Que a população respeite a cidade, seus habitantes e visitantes. Que as ruas se tornem limpas, permeáveis, verdes. Que nossa mata atlântica - tão castigada - possa enfim ser tratada com o carinho e a gratidão que merece. Desejo metrô (transporte metroplitano), muito metrô, muita ciclovia, muito ônibus (de preferência que funcione com energia renovável e que não seja poluente, muito edificio verde), painel de energia solar e tudo mais que fará dessa cidade, r-e-a-l-m-e-n-t-e, SUSTENTÁVEL.

Deixo agora pra vocês de presentinho a letra - muito bem escrita - de Caetano Veloso: 'Sampa'.

P.S: Estou pensando seriamente em comprar uma galocha...




Bairro paulistano da Liberdade, tradicional reduto japonês.
Fonte: Divulgação Web.


.
.
.

'Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João
É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas

Ainda não havia para mim Rita Lee
A tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João

Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto
É que Narciso acha feio o que não é espelho
E à mente apavora o que ainda não é mesmo velho
Nada do que não era antes quando não somos mutantes

E foste um difícil começo
Afasto o que não conheço
E quem vende outro sonho feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te de realidade
Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso

Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
Da força da grana que ergue e destrói coisas belas
Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas
Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços
Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva

Pan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
Mais possível novo quilombo de Zumbi
E os novos baianos passeiam na tua garoa
E novos baianos te podem curtir numa boa'

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Hum... que sede!

Eu estava deitada no sofá, com um gato no colo e o controle remoto na mão, zapeando os canais em busca de alguma coisa que valesse a pena. Meus olhos estavam quase se fechando de tanto sono quando algo chamou minha atenção, um documentário chamado ‘A Terra vista de cima’ episódio 2.

O tema era a questão da água (ou da falta dela) e muito se falou sobre as dificuldades de populações para obtê-la.

Fiquei pensando nisso e decidi buscar algumas informações extras, que assustada, dividirei com vocês nas próximas linhas.

Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) a cada 19 segundos morre uma criança no planeta, vítima de conseqüências causadas pela falta de saneamento, há também mais de 1 bilhão de pessoas que não possuem acesso a água doce no mundo.
O Brasil contém aproximadamente 12% da água doce do mundo e 20% da população mais pobre do país tem o pior acesso à água e ao esgoto que os habitantes do Vietnã; ainda segundo o Pnud.

De acordo com estimativas do relatório de 2006 da Agência Nacional de Águas (Ana), somente 54% dos domicílios brasileiros têm acesso a coleta de esgoto.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) os brasileiros gastam cinco vezes mais água que a quantia recomendada.

De toda a água mundial, apenas 0,02% está disponível para consumo humano. A maior concentração de água doce encontra-se no Brasil, com destaque para o maior aqüífero conhecido do mundo: O AQÜÍFERO GUARANI, com uma área de mais de 1,2 milhões de km2 e que ainda pode conter mais de 40 mil quilômetros cúbicos de água (o que é superior a toda a água contida nos rios e lagos de todo o planeta).

Mas não precisamos de dados numéricos para perceber que vivemos num país ‘abençoado por deus e bonito por natureza’, com água em abundancia.
O problema é que as pessoas pensam que a água é um recurso infindável, o que está longe de ser verdade.

O volume de água no planeta não vai mudar, é fato, mas a qualidade e a potabilidade da água muda sim.
Provavelmente você que está lendo esse texto é, assim como eu, uma pessoa privilegiada, que tem acesso à água potável, coleta de esgotos e meios de buscar informação.
É importante lembrar que a água que há no país verde e amarelo não tem apenas a finalidade de satisfazer as necessidade (e futilidades) humanas.
Existe todo um ecossistema que depende do equilíbrio dessas águas, de seu uso respeitoso.

Certa vez numa palestra ouvi a seguinte frase: ‘uma sociedade que joga seus dejetos na água, não respeita a si mesma’.

Isso ficou na minha cabeça e comecei a perceber que é verdade; envenenamos nosso própria bebida, contaminamos e enchemos de resíduos os rios que nos abastecem.
Jogamos esgoto em rios e oceanos, quase sempre sem tratamento algum. Contaminamos nossos lençóis freáticos com milhares de ‘porcarias’ que jogamos no solo.
Temos uma cultura viciada e doentia, onde a natureza é nosso lixão particular e, acreditamos que esse lixo todo foi eliminado, que não irá voltar pra nós.
Mas há uma conexão, a natureza tem um ciclo natural. Como disse o chefe indígena Seatle: “O que for feito à terra, recaíra sobre os filhos da terra. Há uma ligação em tudo”.

Quer ver um exemplo do que estou falando? Vivo na maior e, me atrevo a dizer que a mais barulhenta, cidade brasileira: São Paulo. Andando pelos bairros da capital paulista é fácil observar as ruas cheias de lixo (em sua maioria material reciclável, como garrafas pet e papel de bala), esses materiais (somados a impermeabilização do solo, destruição de mata ciliar, etc) contribuem para a cidade ficar submersa em dias de chuva contínua.

O que fazer então? Respeitar!
Você não precisa amar ninguém, mas deve respeito a todos. A regra é a mesma.

Você joga lixo no chão da sua casa? Por que então você joga no chão da sua cidade?
Você desperdiça a cerveja jogando-a fora (como mostrava num antigo comercial sobre desperdício de água)? Por que então você faz isso com a água?

Calçadas e carros não sentem sede. Aproveite a chuva para lavá-los, utilize água de reuso, sempre use baldes, nunca mangueira.
Mude os hábitos.

Num mundo onde tanta gente morre de sede, valorize a água que sai da sua torneira.

Colabore para que não nos tornemos parte das tristes estatísticas sobre escassez de água.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A primeira coisa que me falaram quando entrei na faculdade foi:

"Cuidar de meio ambiente é cuidar de gente, não da pra separar as duas coisas".

Desde o inicio eu entendi o que isso queria dizer, na verdade a cada dia eu tenho mais certeza disso.
Eu estive correndo com o fim de ano e acumulei três textos que fiz pra postar aqui pra vocês, sobre a COP15, sobre o natal e outro de ano novo; mas hoje vou atropelar a ordem natural das coisas, porque esse inicio de 2010 me chamou a atenção (mais uma vez) pra esse fato tão obvio: 'não da pra separar as duas coisas'...

As chuvas estão fortes por aqui e a terrinha da garoa há muito se tornou a terra da tempestade. Ao mesmo tempo em que diversas cidades são atingidas e muitas vidas se perdem. O governo culpa a chuva, a chuva castiga o povo, o povo culpa o governo e todos culpam deus. Mas será que ninguém tem culpa??

Certa vez eu e meu grupo de faculdade fizemos um trabalho sobre Angra dos Reis - RJ, a região com a maior quantidade de Mata Atlântica preservada do Brasil. Coincidencia ou não, eu faria uma viagem e passaria por Angra, o que muito me alegrou, pois além de me ajudar no trabalho acadêmico, ainda poderia ver de perto esse paraíso.

Mas ao chegar (pelo oceano) a decepção:
Deparei-me com construções feias (sim, porque nem a casa mais luxuosa é bonita se estiver construida no meio da natureza. É como uma cicatriz num belo rosto), um shopping gigante, 'coisas' enormes perfurando o solo atras do ouro negro, usina nuclear, a água turva e oleosa pelo excesso de embarcações e muito barulho.
O belo se manteve nas ilhas, acessíveis apenas aos turistas dispostos a gastar em abusivas 'viagens' de barquinho.
Onde estava a natureza selvagem, parte dos 7% sobreviventes de mata atlântica? Sim, sobraram apenas 7% desse bioma... E os outros 93%? O homem comeu (tendo como pratos principais a pecuária e a especulação imobiliária).

Voltei pra terra da garoa, ops da tempestade, do trânsito e da poluição; revoltada e desapontada. Pesquisa entrega ao professor, nota boa no boletim e um estranho gostinho de amargo na boca.

Eis que pouco mais de dois anos depois vejo em um telejornal o desmoronamento de diversos morros, em razão das chuvas, com destaque para o Morro da Carioca, localizado nessa mesma Angra que me desanimou.
O deslizamento de terra aconteceu na madrugada do dia 1º de janeiro de 2010.
As cenas embrulharam meu estômago, me deixaram triste.

Aquelas pessoas não precisariam ter morrido, era só respeitar a natureza, me dói imaginar o desespero das vítimas e de suas famílias.
A todas as famílias e amigos, meus sinceros sentimentos e desejo de força para superarem tamanha dor.

O balanço da Prefeitura de Angra dos Reis, no Rio, informa que, de acordo com a última atualização da Defesa Civil Municipal, o número de desalojados chega a cerca de 1.500 pessoas (conforme divulgado na Agencia Estado).

Agora o governo planeja ecolimites em morros de Angra dos Reis (o que segundo o mesmo, já foi duramente criticado em tentativas anteriores. Veja a matéria completa no site da Agência Brasil).

"Não da pra separar as duas coisas".

As pessoas precisam de um lar, mas é preciso também respeitar a natureza.
Desrespeitá-la fere apenas um dos lados, o mais fraco: os seres humanos.

Que em 2010 os governos se conscientizem das suas responsabilidades, conferindo moradia digna e qualidade de vida aos cidadãos desse gigante Brasil.
Que em 2010 a população se conscientize de que a natureza responde a todas as nossas ações. E que em 2010 possamos reverter a tempestade em garoa, porque de verdade, faz falta...

E com chuva na janela e relâmpagos no céu, eu encerro a primeira atualização do ano.